segunda-feira, 26 de março de 2012

Ambiente a ser trabalhado

Noções de clima e adequação da arquitetura


O clima quente úmido apresenta pouca amplitude térmica (variação da temperatura). A quantidade elevada de partículas de água suspensas no ar, característica desse tipo de clima é o fator que mais contribui na manutenção da temperatura nos diferentes períodos do dia.

Já que a temperatura noturna não sofre grandes alterações em comparação a diurna. Sendo assim é interessante permitir a ventilação externa durante esse período também.

As aberturas das esquadrias devem ser suficientemente grandes para permitirem a ventilação nas horas do dia em que a temperatura externa está mais baixa que a interna. Deve-se também proteger as aberturas da radiação solar direta sem criar obstáculos à ventilação.

O partido arquitetônico deve prever construções alongadas no sentido perpendicular ao vento dominante. As edificações devem estar dispostas de uma maneira que a ventilação

atinja todos os edifícios e possibilite a ventilação cruzada nos seus interiores.

As edificações em locais com esse clima devem ser revestidas externamente por cores claras, que refletem mais radiação solar, evitando assim que uma menor quantidade de calor atravesse as paredes.

Alguns cuidados também podem ser tomados com o revestimento do solo. O caminho para pedestres deve ser feito de material pouco reflexivo ou apresentar pouco poder de armazenamento de calor.



A primeira imagem utilizada retrata um ambiente com grandes aberturas para aproveitar a ventilação na edificação e um elemento externo que é útil à proteção em relação a radiação direta.

Já a segunda imagem mostra um esquema que propõe uma boa ventilação para a edificação retratada atras do uso da ventilação cruzada.

Leitura e síntese comentada do capítulo 3 do livro Manual de Conforto Térmico

Na primeira parte do texto o autor expõe alguns fatores que influenciam ou sofrem influencia diretamente nos aspectos climáticos predominantes em determinadas regiões.

Segundo ele adequar a arquitetura ao clima de uma determinada região é construir espaços que possibilitem conforto ao homem, seja protegendo seus habitantes dos fatores climáticos externos, seja reproduzindo sensações de climas amenos.

“Dentre as variáveis climáticas que caracterizam uma região, podem-se distinguir as que mais interferem no desempenho térmico dos espaços construídos: a oscilação diária e anual da temperatura e umidade relativa, a quantidade de radiação solar incidente, o grau de nebulosidade do céu, a predominância de época e o sentido dos ventos e índices pluviométricos.” (pág 53)

Alguns fatores como clima, relevo, altitude, latitude, distribuição das terras e mares, etc, influenciam a alteração dessas variáveis nos distintos locais da terra.

  • Radiação solar

Influencia a distribuição de temperatura no globo. As radiações recebidas na superfície terrestre podem variar de acordo a época do ano e com a latitude. Essas variações de incidência de raios solares ajuda na percepção do movimento aparente do sol.

  • Longitude

A longitude é medida em relação ao Meridiano de Greenwich. É medida de 0° a 180 ° e divide o globo em Leste e Oeste.

  • Latitude

É medida em relação a Linha do Equador, vai de 0° a 90° e possibilita dizer se um ponto está a Norte ou a Sul do Equador. A latitude de uma região ,associada à época do ano, é que vai determinar o ângulo de incidência dos raios solares em determinado ponto da superfície.

“Pode-se então afirmar que quanto maior for a latitude de um local, menor será a quantidade de radiação solar recebida e, portanto, as temperaturas do ar tenderão a ser menos elevadas.” (pág 57)

  • Posição aparente do sol

“Se o eixo imaginário que une os pólos fosse perpendicular ao plano da eclíptica, que é o plano de translação da Terra ao redor do Sol, cada ponto situado sobre a sua superfície veria o Sol, ao longo do ano, numa mesma posição. Mas sendo esse eixo inclinado aproximadamente 23 1⁄2em relação à normal, conforme representado na figura 13, o Sol, aparentemente, percorrerá uma região do céu correspondente, na Terra, àquela compreendida entre os trópicos de Câncer e Capricórnio, com uma duração de seis meses em cada sentido.” (pág 55)

No trecho se é explicado como se dá a incidência dos raios solares na superfície terrestre e possibilita compreender porque em diferentes épocas do ano percebemos a sua influencia de formas distintas.

  • Distribuição dos continentes e oceanos

“Outro fator climático que interfere significativamente na variação da temperatura nas diversas regiões da Terra é o da não-uniformidade de distribuição de massas de terra e mar ao longo dos paralelos.” (pág 57)

Como o calor específico da água é o dobro do da terra a água demora mais para mudar de temperatura. Como a distribuição dos mares não é igual para as regiões de mesma latitude (que estão em hemisférios diferentes) é provável que no hemisfério em que há maior quantidade de mares as estações do ano sejam menos rigorosas em comparação a do hemisfério que apresenta menos mares. A este fenômeno dar-se o nome de Continentalidade.

  • Brisa terra-mar

“As brisas terra-mar, sentidas em regiões litorâneas, também são explicadas a partir da diferença do calor específico entre ambos. Durante o dia, a terra aquece-se mais rapidamente que a água, e o ar, ao ascender da região mais fria para a mais quente, forçará uma circulação da brisa marítima no sentido mar-terra. À noite este sentido se inverterá, pois a água, por demorar mais a esfriar que a terra, encontrar-se-á momentaneamente mais quente, gerando uma brisa terra-mar” (pág 60)

  • Topografia

O relevo influência diretamente nos fatores climáticos. O relevo acidentado, por exemplo, pode se comportar como barreira aos ventos e influenciar na temperatura e umidade do ar.

  • Revestimento do solo

“O revestimento do solo interferirá nas condições climáticas locais, pois quanto maior for a umidade do solo, maior será a sua condutibilidade térmica.”(pág 60)

Segue os mesmos conceitos da continentalidade. O solo menos úmido tende a mudar de temperatura mais rápida, porém também cede calor mais rapidamente. Conclui-se então que os diferentes revestimentos para o solo ou até mesmo as construções podem interferir na sua condutibilidade térmica e nas variações climáticas de uma região.

  • Nebulosidade e precipitação atmosférica

O vapor d’água presente na atmosfera que precipita em forma de chuva provém do rápido resfriamento que se dá quando massas de ar mais frias que estão em movimento se encontram se encontram com esse vapor suspenso.

A quantidade de nuvens no céu influencia na penetração dos raios solares na penetração dos raios solares e na temperatura local dissipando maiores ou menores quantidades de calor absorvido de acordo com a quantidade de nuvens existentes.

  • Umidade atmosférica

“A umidade atmosférica é conseqüência da evaporação das águas e da transpiração das plantas. Como definição de umidade absoluta tem-se que é o peso do vapor de água contido em uma unidade de volume de ar (g/m3), e a umidade relativa é a relação da umidade absoluta com a capacidade máxima do ar de reter vapor d’água, àquela temperatura. Isto equivale a dizer que a umidade relativa é uma porcentagem da umidade absoluta de saturação.” (pág 62)

  • Ventos

“A nível do globo, o determinante principal das direções e características dos ventos é a distribuição sazonal das pressões atmosféricas. A variação das pressões atmosféricas pode ser explicada, entre outros fatores, pelo aquecimento e esfriamento das terras e mares, pelo gradiente de temperatura no globo e pelo movimento de rotação da Terra.” (pág 63)

Na segunda parte do texto o autor relaciona os diferentes tipos de clima às áreas urbanas e aos partidos arquitetônicos mais adequado para ser adotado para cada um deles.

Para a arquitetura os dados climáticos mais relevantes são os relativos à variação de temperatura do ar, os índices médios de humildade relativa, precipitação atmosféricas e a quantidade de radiação solar.

“Uma aglomeração urbana não apresenta, necessariamente, as mesmas condições climáticas relativas ao macroclima regional na qual está inserida. Estas alterações estão diretamente relacionadas com o tamanho e setores predominantes de atividade do núcleo urbano e podem ser dimensionadas através de avaliação comparativa com o clima do campo circunvizinho. As modificações climáticas podem ser tais que as áreas urbanas, notadamente as maiores, resultem em verdadeiras Ilhas de Calor.” (pág 65)

A cidade também gera calor. As atividades desempenhadas dentro do ambiente urbano geram calor e, por vezes, prejudicam fatos de suma importância como por exemplo a ventilação natural de determinadas áreas. A disposição das edificações pode também alterar a quantidade de radiação recebida nas áreas urbanas.

Em contrapartida nos núcleos urbanos a precipitação de chuvas tende a ocorrer com maior freqüência pois neles há maior concentração de partículas sólidas suspensas no ar.

“Nas regiões predominantemente quentes no Brasil, a arquitetura deve contribuir para minimizar a diferença entre as temperaturas externas e internas do ar.”

Dois tipos de clima brasileiros típicos e extremos foram escolhidos para serem estudados: o clima quente seco e o quente úmido. (pág 66)

“A grande diferenciação que o grau de umidade relativa do ar acarreta nas condições climáticas de um local é quanto à amplitude da temperatura diária.” (pág 67)

Quanto mais seco for o clima maior será sua amplitude térmica e, consequentemente, mais acentuadas serão suas temperaturas extremas.

Como no clima mais seco existem menos partículas de água o solo recebe mais radiação direta que no clima úmido.

No clima úmido as partículas de água existentes funcionam como armazenadores de calor. Assim a temperatura noturna terá uma diferença bastante amena em comparação com a diurna já que a noite o calor retido pelas articulas suspensas é devolvida parte ao solo parte à atmosfera.